VIAJANDO – JÁ NO MALI


VIAJANDO – JÁ NO MALI


Pode parecer um passeio de 6 meses. Não precisar trabalhar. Poder fazer tudo o que quer. No começo foi bem turístico. Tirando a obviedade da facilidade de se viajar na Europa, nossos 30 dias no Marrocos foram sim um passeio. Lugares belíssimos, comida interessante e boa, boa acomodação em hotéis, campings, casas, apartamentos, cansaço gostoso, estradas em ótimo estado. Mas mesmo assim é preciso continuar ensinando e educando as crianças, brigando, gritando muitas vezes, acalmando, como se estivéssemos em casa, mas aqui sem a rotina que no final acaba organizando a vida de todos. Daí veio a Mauritânia. Planejar o roteiro diariamente, porque aqui tudo muda constantemente. Torcer por um lugar decente para se passar a noite, quando a opção de um lugar bom já não é mais possível. Conseguir vistos, se submetendo a burocratas de 5° escalão, mas dos quais você depende 100%. Trabalhar entre tudo isto, na maioria das vezes apenas orientando e respondendo questionamentos da equipe na Terra, outras parando tudo, buscando uma internet razoável e trabalhando horas, dias, sem parar, como for necessário. Escrever no blog até aqui foi impossível. No sul do Marrocos vi que precisava manter minhas anotações de viagem, senão esqueceria tudo. Fora isto, ainda manter a sanidade mental e física. A física quase abandonamos em termos de exercícios. Caminhamos apenas o necessário, nadamos de brincadeira quando encontramos uma piscina, especialmente para as crianças se movimentarem. Tento manter flexões de braço a cada 2-3 dias. Cobro o Guto pra ele fazer abdominais. Não comemos demais, comemos pouco doce, tentamos sempre comprar frutas, então talvez não acabemos tão mal. Em cidades grandes, capitais na verdade, mesmo que o lugar seja pobre, feio, estranho, sempre encontramos um restaurante bom. Na estrada, impossível. A sanidade mental ai é afetada. Longos percursos. Estradas complicadas, ruins, esburacadas, lentas, muitos caminhões e carros quebrados ou capotados ao longo dela. Torço pra não ser o próximo. Trocar pneu furado é fácil, arrumar uma roda ou a ponta de eixo quebrada, por aqui, deve durar semanas. Uns dias parados em um hotel bom, sempre com piscina, comendo bem, ajuda a recompor a moral. Mas todos sentem. As crianças gostam da viagem, mais por estarem conosco, mas é difícil pra elas. Deixaram de fazer coisas que gostavam, que era parte do que estavam acostumados. Então se irritam mais facilmente, dá pra ver que estamos todos mais sensíveis. Mas assim vão aprendendo a se conhecer melhor. Veem que ficamos mal, mas depois ficamos bem, e possivelmente ficaremos mal novamente, mas um pouco menos, sabendo que logo depois estaremos recuperados. É difícil mas fortalece.                   

Comentários

  1. Força meus amigos...mesmo de longe torcemos por vocês...um amigo viajero me disse que o que vale na viagem não é a distância em km mas sim o quão profundo viajamos pra dentro de nós mesmos...autoconhecimento e fortalecimento puro!

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